Por que a grama do vizinho parece ser sempre mais verdinha?

Por que a grama do vizinho parece ser sempre mais verdinha?
Por que as coisas dos outros parecem melhores do que as nossas, é inveja, é ciúme, ou é porque não nos achamos capazes? Pode ter certeza, está tudo misturado.
Cada pessoa é dotada por talentos peculiares, particulares, que são inerentes em nossa personalidade. Embora às vezes parece que ninguém liga, ou da valor, temos que nos valorizar.
Quando eu comecei a estudar artes, não tinha levado em conta que eu não tinha a habilidade para desenhar, e entrei mesmo assim, pois queria aprender e ter uma profissão na qual sempre admirei. A de artista. Logo percebi que todos os alunos, sem exceção, sabiam desenhar e tinham leveza em suas mãos, sabiam usar a régua e faziam cada composição plástica maravilhosa, que eu me envergonhava. Cansei de chorar no banheiro na hora do intervalo de vergonha, eu mal sabia manusear um lápis de cor. O lápis de desenho tremia em minhas mãos e meus traços eram tão feios e primitivos que muitas vezes não mostrava o desenho para o professor com receio que risse de mim. Sempre dava um jeitinho de escapar pela tangente e demorar só pra não entregar.
Eu ficava reparando “a grama do meu vizinho”. Um amigo que sentava do meu lado fazia coisas fabulosas, estupendas, considerado o primeiro da sala, o artista MOR. E eu ficava triste, pois eu não entendia porque eu não conseguia. Poxa eu não nasci quadrada, se os homens primitivos desenhavam nas cavernas, porque eu não poderia? Eles eram mais bonitos que eu? Não.
Até que um belo dia, eis que me chega uma professora, daquelas que gostam de pegar no pé sabe, me disse uma coisa bastante curiosa. Lembro-me bem de suas palavras:
“Todo homem nasce com este dom, é inerente no ser humano desde o nascimento”.
Poxa! Bem ela quis dizer que todos nós nascemos com a arte para traços e formas, alguns é claro tem mais habilidade e outra mais dificuldade, mas todos podem. É lógico que cada um fará o desenho a sua maneira, ao seu estilo. Não existe “desenho feio”, existem traços não trabalhados, pois desenhar é prática.
Com o passar do tempo tomei posse desta palavra, que pra mim foi uma benção, me libertou de medos e inseguranças, e comecei a desenvolver meus desenhos. Esta mesma professora que pegava no meu pé feito uma “coisa” (que me irritava profundamente), me levantou, me trouxe a esperança, me motivou, me incentivou. E com tudo isso meus colegas também viam a progressão, meu esforço, passaram a me admirar também, a me elogiarem, mesmo que aquele desenho ainda estivesse desproporcional, e meio torto, mas estava saindo algo da “caixa preta” – cérebro-.
Este semestre fiquei muito comovida e confesso que lhes escrevo esta crônica com lágrimas nos olhos, pois para mim foi uma vitória. Ganhei um livro ilustrado de PICASSO pelas mãos desta mesma professora. E as palavras dela nunca na minha vida esquecerei. “Lhe dou este livro para parabenizá-la pelo seu esforço e dedicação, pra mim Célia, foi uma vitória, dever cumprido. Carasssssssssssss, chorei “largadoooooooooooo”.
A minha grama também é verde. A sua também é e será. Tudo o que Deus me deu, ele deu com carinho e amor. Para todos ele deu algo particular, original e único, não será igual ao de ninguém, é só seu.
Valorize o que você tem.
Valorize seus talentos, sua família, seus filhos, sua esposa, seu marido, e etc.
Incentive quem você ama, elogie, presenteie, e faça isso também por si mesmo. Se incentive, se motive, se ame se presenteie.
A sua grama não só é verde, mas também resplandece.